Apresentada no Château d’Angers, um dos principais castelos/fortaleza da região Loire, a exposição Le Goût de la Parure (leia-se “o gosto por joias e adornos”) retraça através de uma coleção de pinturas e gravuras do acervo do Palácio de Versalhes a evolução da moda e do gosto por joias e adornos ao longo dos séculos.
A mostra é também um testemunho do talento de artistas virtuosos capazes de transformar pedras preciosas, pérolas e metais em verdadeiras obras de arte : colares, anéis, brincos e peças únicas utilizadas na ornamentação de trajes reais e imperiais.
Essas joias e peças excepcionais eram geralmente encomendadas como presentes diplomáticos entre a França e as cortes europeias, como presentes de natal para membros da famίlia real ou ainda como presente de casamento.
A primeira parte do circuito da exposição é dedicada ao século XVII de Luίs XIV, que, fascinado por diamantes, enriqueceu consideravelmente a coleção real de joias e de Diamantes da Coroa.
O século XVIII é abordado na sequência da mostra e representa a significativa evolução do gosto por joias e adornos no Século das Luzes. O destaque é dado ao reinado de Luίs XV e a representação de personagens reais usando as Joias da Coroa. Nesse perίodo, as princesas aderem a moda neo-grega usando roupas mais simples com ornamentos mais discretos.
Charlotte-Éléonore de la Mothe-Houdancourt (1654-1744), governanta de Luίs XV, torna-se duquesa de Vendatour através de seu casamento. Neste quadro é representada com um suntuoso vestido com decote e mangas em renda, ornamentado de pérolas, de esmeraldas e de rubis. O pingente do colar, uma cruz ornada de diamantes. A presença do cofre transbordando de joias, possivelmente é uma referência as magnίficas pedrarias que lhe foram oferecidas por Luίs XV, em 1717.
Detalhes dessa pintura :
A última parte da exposição aborda o uso de joias depois da Revolução Francesa que introduziu significativas mudanças na polίtica e na sociedade. Algumas coleções de joias da realeza foram dispersadas (parte dos Dimantes da Coroa foram vendidos). Com o fim do Antigo Regime e o Primeiro Império, as joias ganham inspiração na Antiguidade e uma relativa simplicidade.
Irmã preferida de Napoleão, casada com um rico prίncipe romano Camille Borguèse, Pauline Bonaparte-Borguèse (duquesa de Guastalla, 1780-1825) ficou conhecida por sua beleza e pelo seu gosto por joias e adornos. A tiara em sua cabeça é ornamentada de pedras coloridas e de diamantes e por uma grande pedra de safira. As fitas em fios de ouro que ornam a cintura e a manga do vestido no estilo romano são presas no ombro por um par de broches em camafeu.
O enriquecimento das coleções de Diamantes da Coroa é retomado com o reinado de Luίs XVIII, a partir de 1814-1815, perίodo em que se destaca a Duquesa de Berry, considerada uma verdadeira « fashion victim », apaixonada por trajes de festas de inspiração histόrica ou folclόrica.
Essa exposição é um deleite para o olhos, para os apreciadores de joias, de moda e pela arte de viver à francesa.
Estava ansiosa para conferir essa exposição e aproveitei o feriado de Natal em Angers com a famίlia para conferί-la. Gostei tanto que refiz o circuito da exposição por duas vezes.
Concluo o post sobre a exposição por esse retrato abaixo representando a inspiradora Imperatriz Eugenia de Montijo, pelo artista Édouard Dubufe, 1854.
Representada aqui no âmbito oficial, a Imperatriz Eugênia de Montijo foi uma musa inspiradora para os artesãos joalheiros de sua época. Aqui, ela usa um colar de pérolas. O bracelete com quatro voltas de pérolas tem o fecho ornamentado por uma grande safira no centro envolta por brilhantes.
Mostrei detalhes dessa exposição pelo Snapchat #beminparis Espero já ter sua companhia por lá.
Exposição : Le Goût de la Parure
Onde : Château d’Angers (Loire)
Até dia 15 de janeiro de 2017
Château d’Angers – Promenade du Bout-du-Monde – 49100 Angers
Castelo de Angers – na região Loire
O Castelo de Angers foi inicialmente construίdo como fortaleza a partir de 1230, pela regente Blanche de Castille e seu jovem filho São Luίs. As muralhas de seu entorno são pontuadas por 17 torres e testemunham sua função defensiva.
A fortaleza foi modernizada como castelo até o século XVI e foi residência de duques de Anjou e de prίncipes da corte francesa. O Castelo de Angers hoje é aberto ao público para visitação e exposições temporárias.
Estive no Château d’Angers, dia 26 de dezembro, num dia cinza de inverno (aquele dia ideal para ir em interiores bem aquecidos ver exposições!).
E mais!
Elisabeth Vigée Le Brun, a pintora oficial de Maria Antonieta – Leia aqui