Basílica de Saint Denis, a Catedral dos túmulos reais
A Basílica ergue-se no lugar de um cemitério galo-romano que abriga a sepultura de São Denis, considerado como o primeiro bispo de Paris, martirizado por volta de 250. Local de peregrinação, foi construída no século V. Dagobert, no século VII foi o benfeitor. A maioria dos reis e rainhas da França foram nela enterrados à partir do século VI.
Sumário
ToggleNascimento da arte gótica
A Basílica de Saint Denis é considerada o primeiro monumento no estilo gótico, na região Ile-de-França (que abrange Paris intramuros e arredores).
No século XII o abade Suger foi um personagem político influente, conselheiro de Luís VI e de Luís VII, de 1122-1151. Suger faz da abadia uma obra-prima e reconstrói o edifício segundo novas técnicas arquiteturais : rosáceas (grande vitral circular) e abóbada sobre cruzeiro de ogivas (ogiva é o arco destinado a reforçar uma abóbada), entre outros elementos, dão origem ao gótico, permitindo inundar o edifício de luz colorida.
No reinado de São Luís (aquele que ordenou a construção da Sainte Chapelle, no século XIII), novas obras dão à basílica seu aspecto atual. Mas as guerras e a Revolução precipitam o declínio da abadia. A basílica foi restaurada no século XIX, pelo arquiteto francês Viollet-le-Duc, especialista das reconstruções medievais, elegida a catedral em 1966.
Uma arte funerária excepcional
A Basílica abriga atualmente mais de 70 efígies (estátuas fenerárias) e túmulos, uma coleção única na Europa. Tornando-se necrópole privilegiada dos soberanos franceses, cada nova dinastia irá perpertuar esta tradição para afirmar a sua legitimidade. 42 reis, 32 rainhas, 63 príncipes e princesas e 10 grandes servos do reino foram nela enterrados.
Classificada monumento nacional, a Basílica de Saint Denis abriga os túmulos de Carlos V e de Jeanne de Bourbon, os túmulos de Luís XII e de Ana de Bretanha, Francisco I e Claude de France, Henrique II e Catarina de Médicis. A catedral também abriga o coração de Luis XVII.
Confesso que sempre hesitei em visitar a Basílica de Saint Denis, temendo visitar um templo tenebroso e só o fiz, recentemente, no último inverno. Mostrei a visita em detalhes no Snapchat #beminparis A visita foi uma belíssima surpresa ! Fiquei encantada pela beleza da construção e em especial pela apreciação da evolução da arte funerária, das efígies do século XII, esculpidas com os olhos abertos, às grandes composições do Renascimento, que associam a morte à esperança da ressurreição. A basílica não tem nada de tenebrosa, pelo contrário, é banhada da luz que entra pelos vitrais coloridos.
Algumas curiosidades relacionados às estátuas funerárias:
Aos pés das estátuas, geralmente da mulher, cães simbolizam a fidelidade. Mas esta fidelidade representa comumente a do cão-guia que encaminha a alma do defunto ao reino da morte. O leão, geralmente posicionado aos pés do homem, representa o poder e a força, mas também a Ressurreição, o que assegurava uma lenda de que o leão récém-nascido só abria os olhos 3 dias depois de seu nascimento.
Na Idade Média, três sepulturas eram realizadas comumente para os soberanos : uma para abrigar as entranhas, outra para abrigar o coração e uma terceira, para abrigar o corpo. O rei teria assim três locais distintos de sepultura. Mais detalhes no post sobre a Morte de Luís XIV (neste link )
A Basilique Cathédrale de Saint Denis não é muito visitada pelos turistas por estar localizada a 5 km ao norte de Paris, em uma zona periférica. Particularmente, eu recomendaria a visita para quem tem interesse pela arquitetura gótica e pela história da França, que pode ser explorada através da evolução da escultura funerária. Sem falar nas esculturas em si, que são de uma beleza admirável.
Recomendaria igualmente a visita guiada por um Guia local, pela complexidade de detalhes da história do monumento e pelo acesso.
Endereço: 1 Rue de la Légion d’Honneur, 93200 Saint-Denis
Indo de metrô, linha 13, Estação “Basilique de Saint-Denis”.
Além de ter ficado impressionada com a visita, ainda tive a sorte de descobrir naquele dia, uma exposição excepcional em plena Basílica sobre vestidos reais na Idade Média.
O post sobre a exposição está neste link
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