Fechada desde 2007, a Galerie des Carrosses (Galeria das Carruagens) do Palácio de Versalhes, foi reaberta ao público no último mês de maio de 2016, graças ao mecenato do Grupo Michelin, responsável pelo patrocínio da restauração desta excepcional coleção de carruagens, exibidas em um espaço de 1000m² .
A origem das cavalariças de Versalhes
As cavalariças de Versalhes foram construídas por Jules Hardouin-Mansart, o arquiteto oficial de Luís XIV, entre 1679 e 1682. Trata-se de duas edificações idênticas, realizadas em forma de ferradura de cavalo, situadas em frente ao Palácio.
A Galerie des Carrosses está situada na Grande Cavalariça do rei (Grande Écurie du roi).
Qual a diferença entre a Pequena e Grande Cavalariça ? (Petite Êcurie e Grande Écurie). Na época, « petit » designa tudo aquilo que está relacionado ao cotidiano e « grand » aquilo que está relacionado ao solene, a cerimônias. O que nada tem a ver com as dimensões do local. Aliás, a Petite Écurie é mais vasta que a Grande ! Destinadas a abrigar os cavalos e as carruagens do rei e da Corte, as cavalariças são verdadeiros locais de convivência onde trabalham milhares de pessoas diariamente.
De um reinado para outro, o número de cavalos nas cavalariças reais não pára de aumentar : de 382 cavalos em 1684, para 700, em 1715 e, mais de 2.000 cavalos, em 1787 ! As cavalariças abrigam também a Écoles des Pages, onde jovens nobres, designados pelo rei, treinam para se tornarem oficiais da cavalaria, a corporação mais prestigiada do Exército. Para entrar na corporação, era preciso ter 15 anos de idade, medir ao menos 1,68 m e provar seu grau de nobreza, atestado pelo genealogista do rei.
Tesouros do Antigo Regime
Durante o reinado de Luís XIV, por volta de 1665, surgem as primeira carruagens modernas na França. Antes, se deslocavam a pé ou a cavalo. A coleção de carruagens de Versalhes, é uma das mais importantes da Europa. Esta coleção não apresenta carruagens para viagens, mas carruagens de gala, ricamente decoradas, para mostrar o poder do rei e do imperador, durante as grandes cerimônias da História da França : batismos, casamentos, coroações ou funerais. Algumas delas são verdadeiras obras-primas, realizadas pelos maiores artistas da Corte. A maioria das carruagens foram destruídas durante a Revolução, antes de voltarem a serem exibidas com o Império e o período da Restauração. Em 1871, com o retorno da República, as carruagens dão lugar aos carros da Presidência, veículos hipomóveis mais sóbrios, porém muito elegantes.
Símbolo do poder real, as carruagens foram destruídas na Revolução. As carruagens de crianças, cadeiras portadoras e trenós em modelos fabulosos, exibidas hoje, é tudo o que resta do Antigo Regime. No inverno, o rei e seus cortesãos faziam corridas de trenós nos jardins de Versalhes. Conta-se que Luís XV conduzia seu trenó com tanta velocidade que as duquezas tinham medo de montar com ele ! Mais tarde, Maria-Antoniete organizará as corridas de trenós mais animadas da corte. Aliás, Versalhes era a única corte da Europa onde as mulheres podiam conduzir sozinhas seus trenós.
Podemos imaginar a excentricidade dessas corridas de trenós nos Jardins de Versalhes sob a neve e o glamour do período Luís XV!
O suntuoso cortejo do casamento de Napoleão I com Maria-Luisa da Aústria
A maioria das carruagens desta coleção datam de Napoleão I. Elas foram utilizadas, no dia 2 de abril de 1810, para seu casamento com Maria-Luisa da Aústria. Naquele dia, 40 berlinas de grande luxo, e mais de 240 cavalos, descem dos Champs-Elysées até os jardins das Tulherias. Como os reis antes dele, o Imperador manifesta seu poder pela grandeza e beleza do cortejo de carruagens. Ele quer sobretudo fazer melhor que os antigos reis porque para um evento desse tipo, os Bourbons utilizariam apenas 30 carruagens !
Uma verdadeira obra de arte
A fabricação de uma carruagem envolve o trabalho de inúmeros artesãos. O carroceiro (carrossier ou sellier-carrossier) encarregado da realização completa do carruagem, que trabalha também com um desenhista de carroças (un dessinateur en voitures), um carpinteiro (un menusier), um fabricante de charretes (un charron), um escultor (un sculpteur), um pintor (un peintre), um dourador (un doreur), um serralheiro (un serrurier), um vidraceiro (um miroitier) um fabricante de lanternas (un lanternier) um seleiro (un bourrelier), que fabrica selas… No total, 25 categorias de diferentes artesãos se sucedem. O savoir-faire é tal que dos séculos de XVII ao XIX, a qualidade e a elegância da carruagem francesa são célebres em toda a Europa.
A Galerie des Carrosses tem acesso gratuito e fica aberta de terça até domingo, à partir das 12h30.
Organizamos a visita guiada ao Palácio de Versalhes por um Guia licenciado e temos complementado nossa visita pela visita da Galerie des Carrosses, que impressiona adultos e crianças.
Já mostrei a Galerie des Carrosses várias vezes no Snapchat #beminparis