Napoleão reinterpretado pelo artista Kehinde Wiley é tema de exposição em Malmaison. Kehinde Wiley reinterpreta Jacques-Louis David, pintor oficial de Napoleão Bonaparte com uma versão contemporânea da obra Primeiro Consul atravessando os Alpes, célebre representação de Napoleão realizada por Jacques-Louis David, em 1800.
Organizada pelo Palácio de Malmaison e o Museu do Brooklyn, a exposição é acompanhada por uma rica programação cultural ressaltando ao mesmo tempo, a permanência dos códigos de representação do poder e a importância dos contextos históricos de cada uma das duas obras.
A exposição também destaca a encenação relacionada a todo portrait, uma problemática muito atual, hoje em dia, visto a multiplicação das imagens, das redes sociais e exibição de si, em tempos de selfie.
A representação do poder através da arte
Com a Revolução Francesa e outros grandes eventos históricos, a imagem torna-se um importante mecanismo para retratar ideais de poder e a arte traduz essa expressão.
Jacques-Louis David, na posição de retratista de Napoleão, exalta o seu poder: « Esta é uma evidente obra de propaganda ». Napoleão queria parecer “calmo sobre um cavalo feroz”, e David criou esta imagem de autoridade imponente.
Na realidade, Napoleão fez a viagem montado numa mula e o pintor representa o primeiro cônsul em posição de estátua equestre, símbolo estético característico do Antigo Regime para representar poder e domínio.
A vitória das tropas francesas durante a Segunda Campanha da Itália pareceu uma boa oportunidade de conexão entre Bonaparte e o passado político da Antiguidade revisitando o passado heróico, Napoleão coloca-se em pé de igualdade com tais figuras e consolida assim sua imagem de homem público e líder político.
A relação com antigos líderes militares não ficava restrita ao campo da pintura: uma mesa encomendada por Napoleão possuía em seu centro o perfil de Alexandre, o Grande, cercado por outros doze antigos heróis.
Ao se apropriar da imagem de figuras imponentes, Bonaparte demonstra tanto sua admiração pessoal como a expectativa de que seus subordinados fizessem tal identificação, agregando ainda mais valor ao seu capital heróico em ascensão e construindo assim sua imagem de líder.
Parceria entre Malmaison e o Museu do Brooklyn
O Palácio Imperial de Malmaison, onde viveu o casal Josefina e Bonaparte, conserva a primeira versão dessa pintura de David, que o artista Kehinde Wiley escolheu reinterpretar em 2005. Na versão de Wiley, na qual um modelo Negro Americano chamado Williams substitui Bonaparte, inscreve-se na herança da lenda napoleônica.
Napoleão reinterpretado pelo artista Kehinde Wiley revela o mesmo sentido de celebridade do original e a força da composição. Diálogo entre a arte antiga e a arte contemporânea, entre a Europa e a América, entre David e Wiley e finalmente, entre Malmaison e o Museu do Brooklyn, de Nova Iorque.
Kehinde Wiley encontra Jacques-Louis David
Reunidos pela primeira vez na França, os dois quadros serão exibidos no Palácio de Malmaison, até o dia 6 de janeiro de 2020, e em seguida, no museu do Brooklyn, de 24 de janeiro a 10 de maio de 2020.
Fui convidada para representar a BEM in Paris no coquetel de abertura dessa exposição em Malmaison com a presença ilustre do artista Kehinde Wiley. Vocês devem ter acompanhado pelos Stories do perfil @beminparis no Instagram. Foi um momento único.
O artista americano Kehinde Wiley presente no lançamento da exposição na França.
Visita guiada no Palácio de Malmaison
No Palácio Imperial de Malmaison, onde viveu o casal Josefina e Bonaparte, temos a visita guiada com o tema “Josefina, imperatriz fashionista” – uma abordagem sobre a mais célebre imperatriz dos franceses, uma mulher à frente de seu tempo que deixou grande influência nas artes decorativas e na moda e ainda hoje inspira estilistas e decoradores. Maiores informações e reservas pelo e-mail: contato@beminparis.com