O Musée des Arts Décoratifs (museu das artes decorativas) de Paris, apresenta uma retrospectiva excepcional de sete décadas de histόria e de criação da maison Dior.
Sumário
ToggleA exposição que celebra os 70 anos da Alta costura da Dior mostra a extrema riqueza do universo criativo de Christian Dior apresentando trezentos vestidos de Alta costura, inúmeros documentos – croquis, fotografias, manuscritos e encartes publicitários – objetos, chapéus, bijoux, sapatos e frascos de perfume – além de um conjunto de quadros, objetos de artes decorativas, peças de mobiliário, do século XVIII ao périodo Art Nouveau e surrealismo. Christian Dior era de uma curiosidade extremamente apurada e toda essa atmosfera inventiva inspira-o, desde o inίcio, em sua grandiosa trajetόria.
Christian Dior : da Normandia para o mundo
Nascido em uma famίlia burguesa na cidade de Granville, na Normandia, Christian Dior herda de sua mãe o gosto por belos objetos, decoração, flores, jardins… Sua famίlia se instala em Paris em 1910 e nos anos 1920, ele imerge na vida cultural da capital francesa, em plena efervescência. Amigo de Max Jacob e Jean Cocteau, Dior frequenta pintores, escritores, músicos, fotόgrafos e, visita assiduamente museus e exposições. Esse universo criativo alimenta seu espίrito e desenvolve sua sensίvel cultura visual. Dior é também inspirado por suas viagens à Inglaterra, pela Europa, América do Sul e Estados Unidos, onde ele admira obras-primas impressionistas das coleções de Chicago e de Boston; obras que o transportam à sua infância na Normandia.
Criação da Maison Dior
Aficionado por arte, Dior começa sua vida profissional em Paris, como galerista. Com a crise de 1929, a galeria de arte de Dior é fechada por motivo de falência e ele se lança na ilustração. Reconhecido por seu traço marcante, Dior começa a fornecer modelos para grandes costureiros e trabalha sucessivamente, com Robert Piguet e Lucien Lelong. Em 1947, o encontro com Marcel Boussac, magnata da indústria têxtil, possibilita a Dior, realizar seu sonho de criar sua prόpria maison.
Luxo no pós-guerra
Em 1947, ano de criação da maison Dior, a estética que prevalecia era a dos tempos de guerra. O estilo era austero, masculino, saias curtas, sapatos plataforma, bolsas tiracolo. Uma época ávida de renovo em todas as áreas, inclusive em matéria de elegância. Christian Dior reinventa, então, os cânones tradicionais da feminilidade, criando modelos com ombros mais delicados, vestidos com cinturas marcantes, saias plissadas, femininas. O costureiro quer transformar as mulheres em princesas, para que elas possam novamente sonhar …
New look e o famoso Tailleur Bar
Dior foi audacioso criando sua maison em pleno pós-guerra, mas ele insufla novos ares na sociedade e seu primeiro desfile, em fevereiro de 1947, é sucesso unânime no mundo da moda. O estilo revolucionário do New Look é um triunfo, mas também um escândalo, pois a França ainda não tinha saίdo da fase de penúria e a saia plissada de Dior necessitava de metros e metros de tecido… A guerra criou uma relação diferente com a feminilidade. Com o New Look Christian Dior celebra a beleza e a liberdade.
It’s quite a revolution dear Christian, your dresses have such a new look (Carmel Snow, redatora-chefe da Harper’s Bazaar ao final do primeiro desfile Dior, em 1947, na sede da Avenue Montaigne)
Dior queria que o perfume Miss Dior tivesse « cheiro de amor ». A Antiguidade romana revisitada no século XVIII serve de inspiração para o frasco em forma de ânfora. O perfume foi lançado em 1947, ano de inauguração da maison.
A exposição Dior também celebra os novos estilistas da maison
Dez anos depois da criação de sua maison, Christian Dior morre subitamente em 1957, aos 52 anos de idade. Desde então, seis diretores artίsticos o sucedem, de Yves Saint Laurent à Maria Grazia Chiuri.
Yves Saint Laurent na Dior (1958-1960)
Integrando a Dior em 1955, Yves Saint Laurent torna-se o assistente favorito do mestre e o único herdeiro direto do estilo Dior, mas rompe porém, com a silhueta Dior, em sua primeira coleção, Trapèze, apostando em modelos de cinturas amplas. Para o prêt-à-porter, Yves Saint Laurent se inspira de seu tempo : da juventude rebelde, da atmosfera do jazz, da Nouvelle Vague e da moda da ruas.
Dior pós Christian Dior
O fio condutor do trabalho e a relação entre todos os criadores sucessores de Christian Dior é a reflexão permanente do papel da roupa, que é o de valorizar o corpo da mulher, princίpio de construção da silhueta feminina imaginada por Dior. Cada diretor artίstico explora esse princίpio com sua prόpria personalidade : Yves Saint Laurent (1958-1960), Marc Bohan (1961-1989), Gianfranco Ferré (1989-1996), John Galliano (1997-2011), Raf Simons (2012-2015) e Maria Grazia Chiuri (2016-).
Primeira mulher na direção artίstica da Dior
Maria Grazia Chiuri já provou, em uma única coleção de Alta costura, sua capacidade em inovar, impregnando-se de setenta anos de criação e abraçando cada faceta dessa longa histόria.
O Baile Dior
Com o fim da Primeira Guerra mundial a sociedade revive. Paris, centro da vida mundana, por excelência, se volta completamente eufόrica para uma nova era de brilho e de fausto deixando para trás as horas sombrias do perίodo de guerra. A partir de 1947, os bailes se sucedem na capital francesa, como nos tempos de Luίs XV e de Luίs XVI, do Império e da Belle Epoque. Christian Dior veste toda a alta sociedade e apesar de seu temperamento discreto, também participa de bailes grandiosos, celebrando um novo ideal de felicidade.
O retrato da Condessa Rimsky-Korsakov integra a exposição. Célebre personagem do Segundo Império, amante de Napoleão III, Madame Rimsky-Korsakov escadalizava por seus decotes vertiginosos e vestidos de mousseline transparente. No auge dos vestidos de crinolinas (armações usadas para dar volume), das quais Christian Dior e seus sucessores vão se inspirar para criar bustiês e saias com várias camadas de tule.
Quem assistiu a Exposição Dior no Stories @beminparis?
Já mostrei várias vezes a exposição Dior no Instagram @beminparis, inclusive, acompanhando Adriane Galisteu, que a-d-o-r-o-u!. A cenografia é simplesmente um sonho. O circuito da exposição é extenso e dividido em duas partes. Recomendo pelo menos 3 horas de visita pelo tempo de observação e o tempo de deslumbramento (risos !). Com certeza, esta é uma das mais incrίveis exposições de moda já apresentadas em Paris. Sugiro também chegarem ao museu, que abre às 11h00, por volta das 10h, pois as filas têm sido longas.
A Exposição Christian Dior – couturier du rêve, vai até 7 de janeiro de 2018.
Les Arts Décoratifs – Nef – 107, rue de Rivoli – 75001 Paris – Metrô : Palais-Royal, Pyramides ou Tuileries O Musée des Arts Décoratifs é fica na extensão do Museu do Louvre, onde organizamos visitas guiadas, em português. Detalhes no link.
Tem mais …
Depois de conferir e Exposição Dior, que tal almoço no Loulou, o restaurante do museu das Artes Decorativas. Falo do Loulou Aqui.
A pintura do século XVIII foi de grande inspiração para Christian Dior. A conferir no Museu Cognacq-Jay.
Mais uma Paris Fashion Week chegando. Confira as datas de 2017 nesse link.
Tive o prazer de entrevistar o estilista brasileiro Reinaldo Lourenço. Nesse link você confere o que ele mais gosta de fazer em Paris.
Imagens do post : Musée des Arts Décoratifs.